Um pouco da minha razão, um pouco do meu coração e um pouco da minha alma. (E agora um pouco da minha crise de vestibulanda, rsrs.)

sábado, 20 de novembro de 2010

A CELEBRAÇÃO DA VINGANÇA

Pra Vilma Reis


Morre negro, morre branco
Mas só negro sofre o tranco
De morrer pela polícia
Branco ladrão tem malícia
Gravata e talão de cheque
Negro é sempre moleque

A polícia corre atrás
De bandido e manda bala
Mas na ponta de sua fala
Só o negro é inimigo
Assim também é demais
O negro corre perigo

De morrer por qualquer ato
E o que digo é fato
Estampado nos jornais
Os brancos são maiorais
Mesmo quando criminosos
Cruéis, perversos, dolosos

O branco nunca que cai
Alvejado pelos “home”
Da lei que nunca que vai
Atirar em quem tem nome
Só o negro, pobre ou rico
É o alvo preferido

Do racismo incrustado
Na estrutura do país
Isso pouco que se diz
É tão pouco revelado
É preciso que se diga
Polícia vê inimiga

Toda população negra
Por isso nunca que chega
A matança escancarada
Enquanto a minoria rica
E branca vive blindada
E como que se explica

Só matar o jovem negro
Digam qual é o segredo
Do boy rico ser poupado
Em confronto com a lei
O pobre negro tombado
Branco vive como rei

Mas toda essa violência
Tem uma justificativa
Um álibi de matar
O “auto de resistência”
Que o golpe militar
Usava de forma ativa

Para matar adoidado
Com ela qualquer soldado
Podia matar livremente
Na maior impunidade
Bastava sentir vontade
E essa coisa indecente

Ainda hoje que rola
O racismo faz escola
Até mesmo no PRONASCI
Falam “mancha criminal”
Pedem que você abrace
Essa coisa infernal

Que é “mulheres da paz”
No fundo a pessoa faz
É delatar criminoso
Tornando mais perigoso
Viver na comunidade
A paz não é caridade

É trazer educação
Trabalho com dignidade
Saúde, capacitação
Para a população negra
Alcançar sua liberdade
Pois ainda vive presa

Pelo racismo assassino
De menina e de menino
Negro e também mestiço
Só branco é fora disso
Ele vive no conforto
Enquanto o negro é morto

Em vários tipos de morte
Provocadas por racismo
No trabalho, na escola
Nas relações pessoais
Negro só pra jogar bola
Divertir os maiorais

Só assim o negro serve
Enquanto o sangue não ferve
E arrebenta as algemas
Muda de vez essas cenas
Não mais “presunto” criança
Mas celebrar a vingança


Geraldo Maia


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"Quem quer amar a vida, E ver os dias bons, Refreie a sua língua do mal, E os seus lábios não falem engano."
(1Pe 3.8)

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