Um pouco da minha razão, um pouco do meu coração e um pouco da minha alma. (E agora um pouco da minha crise de vestibulanda, rsrs.)

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

2010 é 100!

sinopse histórica e comentário dos cem anos da CCB



Congregação Cristã no Brasil é o letreiro que os mais belos templos do país ostentam em suas fachadas. Do interior destes templos ecoam os mais belos hinos de louvores e súplicas a Deus. Seus assentos acomodam um inúmero e maravilhoso povo que reunido EM NOME DO SENHOR JESUS adora o Deus que fez o céus e a terra. De cá homens com terno e gravata, de lá mulheres com véus nas cabeças. Após a exclamação: DEUS SEJA LOUVADO! segue um uníssono e sonoro AMÉM! Inicia-se mais um culto nessa igreja que está prestes a completar cem anos de sua história.
Ponto de partida.Aos doze de março de 1910, desembarcava em solo brasileiro, vindo dos Estados unidos, o imigrante italiano, Luigi Francescon. Este missionário ensinaria uma parte da nação falar numa ‘língua estranha’ que não tem tradução, mas tem poder e unção.
A pioneira. A mensagem pentecostal (Jesus Salva, cura, batiza no Espírito Santo, e breve voltará), começou a ser disseminada em solo brasileiro na região sudeste pela Congregação Cristã no Brasil-CCB. Consecutivamente a Assembléia de Deus, um ano mais nova, a propagou pelo nordeste do país, em pouco tempo ambas estariam presentes em todo território nacional.

O número um. Felício Antônio Mascaro foi o primeiro irmão a ser batizado na Congregação em Santo Antônio da Platina no Estado do Paraná.
O crescimento. Explicar o crescimento inicial da CCB é desafio a qualquer teólogo, ou mesmo, sociólogo ou antropólogo. Como uma igreja que não evangeliza cresce tanto? Se o método tradicional e bíblico não foi usado, qual fator levou-a ser a maior denominação por décadas?
Obra do Espírito Santo. Os membros da CCB tem uma resposta na ponta da língua: Foi obra do Espírito Santo”. E ao meu ver foi mesmo. A glossolalia (línguas estranhas) foi um atrativo para crentes de outras denominações. O derramamento dos dons foi abundante até meados de sua história, o que acontecia tanto nos encontros cultuais como nos casuais.
Uso e costumes. Os costumes usais da CCB são comuns a toda igreja pentecostal, já os litúrgicos são bem característicos contribuindo para sua identidade denominacional. São eles: o uso do véu, assentos separados, ósculo santo, orquestra, saudação típica, orar só de joelhos, clamores ou exclamações exaltando a Deus durante todo decorrer do culto, etc.
A igreja dos ‘glórias’. O modo peculiar de seus membros exaltarem e clamarem a Deus, fazia-se notável a todos que a visitavam, fazendo-os ficar conhecidos como ‘os glórias’ e consequentemente a Congregação por “igreja dos glórias”. Esse apelido, dado pelas outras denominações, revela como era dinâmica a liturgia dos cultos e o respeito que demonstravam pela CCB.
Estudo bíblico. Achou-se desnecessário uma vez que liderança e liderados eram igualmente de pouca escolaridade. Veio a mentalidade de que o estudo bíblico inibiria ou ‘mataria’ as “revelações” espirituais das quais eram providos. “A letra mata e o Espírito vivifica”, esta máxima (dito) desmotivou de vez a leitura sistemática da Bíblia causando um efeito colateral que beirou o obscurantismo1.
Que doutrina é esta? A irmandade (igreja) passou a viver mais dos ditos que dos versículos. Ideias como “quanto menos saber, mais Deus te usará” eram recebidos como verdades absolutas. Ao ser ensinado: “Aos crentes, a palavra de Deus, ensinada à Sua igreja, não é para ser discutida, e sim obedecida. Somente assim se honra o Senhor” (Ass. 1948), o povo deixa de exercer a capacidade de análise e julgamento recomendada pela bíblia (At 17:11; 1Co 14:29; Gl 1:8). Como não havia contestação, a cultura oral se fortaleceu sendo passada de geração para geração.
Deixando a primeira caridade. Não demorou para o idealismo2 aparecer. Narcisamente a CCB via-se superior às demais denominações considerando-as, pejorativamente, “seitas das teorias humanas”. Não queria ser comparada a nenhuma outra comunidade, eis por que negou suas origens declarando oficialmente: “Não somos pentecostais, e nada temos a ver com o movimento pentecostalista” (Tóp. 23 Ass. 1991).
Crise de identidade. A declaração gerou uma crise de identidade na igreja (Se não sou pentecostal, porque adorar e viver como um?), que desde então vem afetando seus costumes denominacionais e prejudicando a liturgia do culto, ou como dizem, a liberdade de dar glória e do Espírito Santo agir na igreja. Hoje sente-se ofendidos quando classificados como pentecostais (Top.22 Ass. 1988), não aceitam nehuma rotulação senão a por eles reivindicada.
Reivindicação. Desprezando a condição de uma igreja pertencente ao movimento pentecostal, num delírio a CCB faz uma reivindicação absurda, avocando para si o título deObra de Deus”, quando muda o título original do testemunho escrito da sua fundação de HISTÓRICO DE UMA RAMIFICAÇÃO NA OBRA DE DEUS para HISTÓRICO DA OBRA DE DEUS REVELADA PELO ESPÍRITO SANTO NO SÉCULO ATUAL (PASSADO). Tal fato não causou indignação na época e sim trouxe orgulho e exclusivismo, desde então seus membros passaram a considerá-la a “Verdadeira Graça”, usurpando título e honra do Senhor Jesus.
A lei abolida. Outra atitude mal explicada foi a retira do quadro “Constituição da Igreja de Deus”. Tínhamos uma constituição de uma lei só, que era o suficiente para guiar-nos em toda a verdade. Essa única lei tinha um único artigo: Jesus é a cabeça da igreja; e um único parágrafo que tratava da sua organização: A caridade de Deus no coração de seus membros.
A profecia. No mesmo quadro estava contida uma profecia: “Onde estes três não governam [Pai, Filho, Espírito Santo], é Satanás que governa, em forma de homem, para seduzir ‘o povo de Deus’ com sabedoria humana”.
A Paz (no reino) de Deus! Surpreendentemente as coisas caminhavam em perfeita harmonia. Salvo raríssimas exceções, não haviam contestações, a ideologia fora assimilada e os irmãos sentiam-se afortunados por pertencerem ao grupo dos ‘escolhidos’, então… Eis que ecoa um brado de reforma e surge um movimento reflexivo e questionador do posicionamento ideológico da CCB promovido pelos seus próprios membros.
Os membros se levantam. Valendo-se da Internet , uma ferramenta que nossos antecessores não dispunham, vários membros criam diversos sites, comunidades virtuais e blogs, fazendo da Internet uma verdadeira central de reclamações, e por meio desta ou mesmo por cartas pessoais, fazem chegar ao Brás (Sede CCB) uma enxurrada de criticas, sugestões, denúncias, apoio, elogios, etc. O movimento, confuso no início, vai aos poucos se organizando e definindo seus objetivos.
Literatura. Já outros publicam livros como Marcelo Ferreira autor de “Por trás do véu”. O conselho de anciães repudiou todas essas iniciativas chegando a ex-comungar o referido membro. Neste caso a CCB recriminou aquilo que deveria financiar – o registro de sua história.
Tocando na ferida. A atitude de expor a igreja na Internet mexe com o brio da CCB que odeia a mídia e tem pavor de ver seu nome estampado em qualquer veículo difusor de comunicação. É contra toda propaganda quer a favor ou contra.
Que faremos agora? Sempre se esperou críticas de terceiros contra a congregação, mas o inédito levante dos próprios membros surpreendeu o conselho de anciães. O veículo da irmandade é a Internet, o veículo do conselho de anciães são os tópicos de ensinamentos, por estes tentou-se intimidar o movimento, mas desta vez, “a palavra de Deus ensinada nas congregações” foi discutida e não obedecida. Restou ao ministério ignorar a opinião dos pensadores.
Site oficial. Na verdade não passa de uma nota de esclarecimento que não esclarece coisa alguma. Foi o último ato antes de dar as costas em definitivo ao movimento. Um site oficial com relatório virtual é uma cobrança de toda irmandade.
A crise no Brás. Acusações pesam sobre o atual presidente nacional, que ao invés de se pronunciar publicamente à toda igreja; manobra nos bastidores. Estas acusações tornaram-se públicas fazendo vir à tona o corporativismo e o autoritarismo reinantes no Conselho, evidenciados no MANIFESTO PRÓ-COURI; a CCB tem agora uma certidão atestando sua corrupção.
“Porque já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus” (1Pe 4:17a).
Consequências. A indiferença do “santo ministério mais idôneo” pela opinião da irmandade, a falta de maturidade espiritual para enfrentar os problemas emergentes, a sonegação de informação, geram insatisfação, revolta e dissensões no grupo. Alguns cismas já ocorreram na sua história, o mais recente resultou na fundação da Congregação Cristã Apostólica – CCA. Poderemos estar na iminência de um acontecimento sem precedentes, caso a política continue sendo a resistência e não o diálogo.
“Como nos assentamos à mesa do Senhor para partilharmos da mesma comunhão;
Assentemos à mesa do entendimento para partilharmos da mesma opinião.”
Luz no fim do túnel. Felizmente muitos têm deixado o idealismo, renunciado a cultura oral, e recorrido à leitura da Bíblia – a infalível e soberana Palavra de Deus – e por esta se guiado.
Voltando a primeira caridade. A CCB necessita ser avivada no Espírito Santo. Podemos entender avivamento como sendo o retorno às origens que caracterizavam a igreja primitiva, primando os dons espirituais e o falar em línguas, mas para tanto, precisa reconhecer seus erros, humilhar-se e então suplicar a intervenção divina.
“Tenho, porém, contra ti que deixaste a tua primeira caridade. Lembre-te pois donde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras” (Ap 2:4,5).
O centenário é momento para reflexão: A igreja que somos é a igreja que deveríamos ser? Levamos a mesma mensagem que o missionário trouxe há cem anos? Temos sido fiéis a esse legado?
O centenário é momento para oração: Devemos nos humilhar, pedir perdão e clamar por avivamento espiritual.
O centenário é momento para gratidão: Apesar de tudo, chegamos até aqui e somos uma grande família, temos uma estrutura gigantesca e somos modelo em várias áreas; Deus tem sido conosco, seus conselhos não tem faltado, e suas promessas hão de cumprir. Portanto, façamos festa, e celebremos a esperança do consenso e da união, para a edificação do corpo de Cristo.
Resumo: A CCB teve um período glorioso, porém a falta de estudo comedido das escrituras sagradas repercutiu em erros hermenêuticos grosseiros, ao menosprezar a letra a palavra ganha força e uma cultura oral se instala, a irmandade deixa a doutrina dos versículos, e assimila a ideologia dos ditos. Essa ideologia nos leva ao obscurantismo que nos afasta da bíblia e ao idealismo que nos afasta das outras igrejas. A CCB passa julgar-se a única igreja verdadeira e renuncia o legado pentecostal. Uma nova fase começa quando seus membros começam a questionar a liderança que é ineficiente ao replicar-lhes, passando então, a ignorá-los.
Conclusão: A falta de estudo é a origem de todos os desvios da CCB. Voltar-se à Bíblia, como a infalível palavra de Deus, é que restituirá a nossa primeira caridade. Muito se gabou por não ter conhecimento temendo que este mataria o Espírito; ironicamente, um movimento intelectual é que pode agora restaurar-nos a espiritualidade.
“Jesus, respondendo, disse-lhes: Errais não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus” (Mt 22:29).
“O meu povo foi destruído por que lhe faltou conhecimento. Porque tu rejeitaste o conhecimento também te rejeitei” (Os 4:6a).
“Conheçamos, e prosseguimos em conhecer ao Senhor; e Ele a nós virá como a chuva serôdia que rega a terra” (OS 6:3).
“A Tua palavra é a verdade” (Jo 17;17); “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (Jo 8:32).
______________
1 obscurantismo: 1.Estado de completa ignorância 2. Oposição sistemática a todo o processo intelectual ou material 3. Sociol. Atitude ou política contrária à difusão e transmissão de conhecimento, especialmente entre as massas.
2 idealismo: Filos. Sistema que admite como certas somente suas ideias; vê perfeição no que cria ou no que segue.


Copiado de http://bereiano.wordpress.com/


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"Quem quer amar a vida, E ver os dias bons, Refreie a sua língua do mal, E os seus lábios não falem engano."
(1Pe 3.8)

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